«Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim!»
Alexandre Fontes, A Questão Orthographica, Lisboa, 1910, p. 9.

segunda-feira, outubro 31, 2011

Bom feriado


Sabia que:

A palavra FERIADO deriva de "féria", que seria o valor que um trabalhador receberia por um dia de trabalho.
Aliás é por isso que os dias de semana terminam com a palavra "feira”, menos o sábado e o domingo, pois nestes dias “não se trabalha”.
Já o “feriado” indicaria um dia em que não se precisava  de trabalhar, pois “já estava pago” (já recebeu a féria, já está “feriado”).
O mesmo se aplica ao descanso anual, a que chamamos de “férias”.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Corretor Ortográfico

Sabia que a Microsoft disponibilizou recentemente uma atualização que permite utilizar o corretor ortográfico do Office segundo o novo acordo ortográfico. Estes novos corretores estão disponíveis para o Office 2010 e Office 2007, sob a forma de atualizações gratuitas que podem ser descarregadas aqui.

quarta-feira, outubro 26, 2011

The portuguese english

Este texto de João Correia Bom esteve guardado algum tempo no meu computador. É, de facto, uma leitura muito interessante.


Printei um e-mail com um briefing sobre download de software que, desde um site, me permitirá implementar items de franchising, outsourcing, benchmarking, corporate image e e-commerce, powered by um Internet server provider muito eficaz. If I understood correctly professor Malaca Casteleiro mass media explanations about the new portuguese Academy dictionary, isto agora torna-se so easy, so friendly. Já era tempo! Abaixo as aspas! Morram os itálicos! Extingam-se os sublinhados! Já podemos falar e escrever como nos apetece no nosso país, sem que um marreta qualquer nos corrija em nome de Shakespeare. Na verdade, quando dizemos take-away (DN de ontem), já não estamos a falar necessariamente inglês de Oxford ou Harvard, mas português académico. Uma variante só nossa! Tal como o american english, o portuguese english! Ainda não tive o gosto de encontrar nas livrarias o grande dicionário (lançado ontem): todavia, a ser exacto o que li há meses no Expresso, não posso deixar de criticar o autor. Peca, a meu ver, por defeito. Exemplo: adapta metade da palavra stress (stresse). Não entendo o que faz, no fim do termo, aquele lusitaníssimo "e". Se se torna português pela universalidade o vocábulo take-away, stress não é menos universal. E o sinistro lobby? Porquê alterar-lhe a grafia para um "lóbi" inestético? O doutor Casteleiro, embora corajoso, não teve coragem bastante. Na era da globalização (ressalvo: há quem remonte a globalização à época de Cristo), já não faz sentido o aportuguesamento antigo, mas o aportuguesamento à moderna, inaugurado pela irmã academia do Brasil. Ou seja: em vez de procurar vernáculo adequado ou criar desesperadamente o lusismo "sofetuere", devem incluir-se anglicismos como software na lista de termos utilizados em Portugal. Isto, sim, é tirar obstáculos à mundialização! A nossa língua torna-se cada vez mais uma lista de termos ingleses que, dia após dia, substituem inúteis palavras que aprendemos no berço. Haja, portanto, coerência. Deixemo-nos das meias-tintas que este dicionário de portinglês ainda é. Os modernos lusos requerem obra que promova definitivamente o nosso idioma a variante do inglês. Estará a Academia à altura da magna tarefa? Saberá o suficiente da língua de Chaucer? Não confundirá mailing com mailing list? Há que tirar isso a limpo! Pressinto, contudo, que o doutor Casteleiro está no bom caminho, quando o ouço defender na rádio a seguinte concordância: segundo ele, empregam-se sempre no masculino designações de cargos como primeiro-ministro, mesmo que exercidos por uma mulher. Nunca, pois, "a primeira-ministra Lurdes Pintasilgo", como defendem os gramaticões e as feministas. Ou "a sargenta Maria dos Anjos", como querem as caturras – e, neste caso, ainda popularuchas – chefias das Forças Armadas. A concordância do doutor Casteleiro implementa-nos a mercê de nos aproximar do inglês, língua em que a expressão "the prime-minister" serve para mulher e para homem. Bem haja! Temo, no entanto, que a ilustre Academia esteja a perder tempo. Em escolas de Zurique ("Público" de ontem), já se aprende o inglês como primeira língua. E, se não somos nós apenas que fazemos o idioma, se é ele também que nos faz a nós (como escreveu, no século XIX, o alemão G. Herder), então deixemo-nos de tibiezas: dêmos às nossas crianças a possibilidade de aprenderem logo na pré-primária a língua do topo, da produtividade e do sucesso, tornando-as mais competitivas e, portanto, mais preparadas para atingir o nosso objectivo inalcançado: a média económica da União Europeia. Nesta perspectiva, à grandiosa obra da Academia parece preferível um bom dicionário de inglês-inglês.
Diário de Notícias,  27 de Abril de 2001

terça-feira, outubro 25, 2011

Uso de minúsculas (i)

 junho  primavera   segunda-feira

O uso de maiúsculas está integrado num conjunto de regras ortográficas convencionadas.
Os nomes de meses e estações do ano passaram a ser considerados nomes comuns com o Acordo Ortográfico de 1990, atendendo ao seu paradigma morfológico e à aproximação ao paradigma dos dias da semana.

Os dias da semana já se escreviam com minúscula, embora muitos não o fizessem, como  se lê no Acordo Ortográfico de 1945

Rebelo Gonçalves (Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Coimbra: Atlântida Livraria Editora, 1947, p. 301) referia como único argumento que “ao contrário dos demais cronónimos, os nomes dos dias da semana escrevem-se, em obediência à tradição, com minúscula inicial".

Cronónimos

s. m.


1. Nome próprio do calendário.

2. Nome de eras ou épocas históricas.

sábado, outubro 22, 2011

Pleonasmo literário e pleonasmo vicioso

Pleonasmo pode ser tanto uma figura de linguagem quanto um vício de linguagem. O pleonasmo é uma redundância (propositada ou não) numa expressão, enfatizando-a.

Pleonasmo literário
Também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou semântico, trata-se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo num texto. Grandes autores usam muito este recurso. Nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.

«Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal»
(Fernando Pessoa)

Pleonasmo vicioso
Trata-se da repetição inútil e desnecessária de algum termo ou ideia na frase. Essa não é uma figura de linguagem, e sim um vício de linguagem
Eis alguns...  

Cego   dos olhos   
Se está cego, é do olho.
Maluco da cabeça         
Se está maluco, só pode ser da cabeça.
Subir para cima            
Se está a subir, só pode ser para cima.
Descer para baixo      
Se está a descer, é para baixo.
Entrar para dentro            
Se está a entrar, é para dentro.
Sair para fora             
Se está a sair, é para fora.
Hemorragia de sangue      
A hemorragia já é um derramamento de sangue para fora dos vasos.
Pessoa Humana               
Se é uma pessoa, só pode ser humana.
Unanimidade de todos   
Se é unânime se trata de todos.
Acabamento final        
Se é um acabamento, só pode ser final.
Amanhecer o dia          
Se está a Amanhecer, só pode ser o dia.
Surpresa inesperada 
Se é uma surpresa, logo, será inesperada.
Conviver junto   
Se uma pessoa está convivendo com outra, só pode ser junto.
Encarar de frente   
Se a pessoa está encarando, só pode ser de frente.
Gritar alto              
Se uma pessoa grita, só pode ser alto.
Elo de ligação
Se é um elo, apenas é de ligação.
Dupla de Dois         
Se é dupla, tem que ser de dois
Olhar com os olhos 
Se uma pessoa está a olhar, só pode ser com os olhos.
Isto é um facto real       
Se é facto, é real.
Multidão de Pessoas  
Se é uma multidão, só pode ser de pessoas.
Estreia pela primeira vez  
Se é estreia, tem que ser a primeira vez.
Cala a boca     
Se é para se calar, tem de ser da boca.

Agora divirtam-se....

quinta-feira, outubro 20, 2011

Verbo «haver»



SINTAXE D0 VERBO HAVER
Existe a palavra ,
Mas à existe também:
Quando é tempo tem h;
Quando é lugar … não o tem.
Havia um, ali perto,
É muito bom português;
Mas continua a estar certo,
Se, em vez de um, havia três.
Aguiar, Irondino T. de

O verbo haver emprega-se em português com dois significados:
i) ter, integralmente conjugável.
Eu hei de...
tu hás de …  (e nunca há des* como oiço tantas vezes! Hades é, na mitologia grega,  o deus dos mortos)
ele há de …
nós havemos de …
vós haveis de …
eles hão de …

Nota: Na nova grafia as formas monossilábicas do verbo «haver», seguidas da preposição «de» não têm hífen. 

ii) existir, unipessoal – só se conjuga na 3.ª pessoa do singular -, de sujeito considerado indeterminado.
Há um carro na rua.
Há dois carros na rua.(Nunca hão*)
Havia dois carros na rua. (Nunca haviam*)
Houve duas tempestades na semana passada. (Nunca houveram*)
Haverá duas tempestades na próxima semana. (Nunca haverão*)

quarta-feira, outubro 19, 2011

Plágio

Lido no Público online de hoje.

Dados do estudo "Integridade Académica em Portugal"

Metade dos estudantes do superior admite já ter plagiado em trabalhos académicos

Por Samuel Silva

O estudo pioneiro foi feito por uma professora da Universidade do Porto (nFACTOS/Fernando Veludo)
O plágio entre os estudantes portugueses é hoje uma prática "generalizada" e facilitada pelo acesso às novas tecnologias. A análise é da professora da Universidade do Porto (UP) Aurora Teixeira, que coordenou um estudo pioneiro sobre a fraude académica no país onde se conclui que metade dos alunos do ensino superior admite já ter recorrido a este género de práticas.

Então, o que é plágio?
Plágio, segundo o dicionário Aurélio, é «assinar ou apresentar como seu (obra artística ou científica de outrem)».
A origem etimológica da palavra ilustra o conceito que ela encerra: vem do grego (através do latim) 'plagios', que significa 'trapaceiro', 'obliquo'.

Assim, é fundamental citar todas as fontes consultadas quando apresentamos um trabalho.

Há anos "atrás"

Hoje estive a ouvir o debate parlamentar e foram vários os deputados (da esquerda à direita) que usaram a expressão «há x anos atrás».
De facto, é recorrente ouvi-la na rua, na escola e nos meios de comunicação social, mas está errada! Nem sequer pode ser entendida como uma redundância aceitável.

Nesta expressão, o verbo haver significa «existir» e usa-se para indicar a existência de um período que decorreu desde o momento em que se passou a ação referida até ao momento em que a frase é proferida. O verbo haver no presente do indicativo («há») indica o tempo presente, indica o que acontece no presente (e não atrás), o que acontece ou o que existe no momento em que se está a falar: no caso da expressão «há dez anos», tal significa que no momento em que a frase está a ser proferida (hoje) existem dez anos, completaram-se dez anos desde que algo aconteceu. (in Ciberdúvidas)

Alfabeto

Clique na imagem para a aumentar.
O termo clicar está registado no Dicionário Priberam online.
clicar - (inglês to click)
v. tr.
1  [Informática]  Pressionar um dos botões do rato ou do teclado.

2  [Informática]  Escolher uma opção ou desencadear uma .ação. através de um botão ou de uma tecla real ou virtual.


v. intr.

3. Fazer um clique ou um estalido
Fonte: suplemento da revista Visão sobre o AO

segunda-feira, outubro 17, 2011

Prefixo e falso prefixo


O prefixo possui um significado, contudo, isolado, não tem função nenhuma, somente em associação com uma palavra.

  Já os “falsos prefixos”, possuem, por assim dizer, um sentido completo. Podem até associar-se com uma palavra, mas não perdem o seu significado.

a) Eu comprei um
micro-ondas. (aparelho que emite pequenas ondas eletromagnéticas)

b) Na praia só tinha
micro ondas, nem deu para surfar como gostaria. (pequenas ondas)

Autoavaliação

auto-avaliação ou autoavaliação?

A forma correta é autoavaliação. nas palavras formadas por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal, este aglutina-se geralmente ao elemento seguinte, se começado por vogal diferente.

domingo, outubro 16, 2011

Grama


GRAMA

O grama e não "a" grama; substantivo (nome) masculino, e não feminino. Como drama, monograma, fotograma, programa, telegrama.
A grama é outra coisa: é o mesmo que relva.

in Ciberdúvidas

Ecrã

ECRÃ

... e não "ecran" nem "écran". Tão-pouco "écrã".

in Ciberdúvidas

Abóbora-menina

abóbora-menina ou abóbora menina?

A forma correta é abóbora-menina porque o hífen é obrigatório em palavras compostas que designem espécies botánicas.

ex.: feijão-verde; feijão-frade; couve-penca; grão-de-bico;ervilha-de-cheiro.

quinta-feira, outubro 13, 2011

Sabia que...

Sabia que

... o Acordo Ortográfico de 1990 é a quarta reforma ortográfica em Portugal (houve outras em 1911, 1945 e 1973) ?

... a ortografia em vigor antes do Acordo Ortográfico de 1990 segue um texto legal publicado em 1945, com uma alteração em 1973 ?

... a ortografia é a única parte da língua portuguesa que é regulamentada por atos legislativos ?

... é usada a designação “Acordo Ortográfico” porque se trata de uma reforma ortográfica que resulta de um acordo entre dois ou mais países ?

Escola, exames e Acordo Ortográfico

O Acordo Ortográfico (AO) de 1990 foi ratificado por Portugal em 2008, prevendo-se uma moratória de seis anos para a sua entrada plena em vigor. O Ministério da Educação estabeleceu como data para entrada em vigor do Acordo Ortográfico, nas escolas, o início do ano letivo 2011/2012.
A partir do corrente ano letivo, os instrumentos de avaliação produzidos pelo GAVE cumprirão as novas regras ortográficas.
Até aos anos letivos abaixo indicados, na codificação das provas de aferição (1.º Ciclo) e na classificação das provas de exame nacional (2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário), continuarão a ser consideradas corretas as grafias que seguirem o que se encontra previsto quer no Acordo de 1945, quer no Acordo de 1990 (atualmente em vigor).
A partir dos anos letivos abaixo indicados (inclusive), os critérios de codificação das provas de aferição do 1.º Ciclo e de classificação das provas de exame dos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário considerarão como válidas exclusivamente as regras definidas pelo AO em vigor.

Aplicação do AO na avaliação externa dos alunos

2013/2014 - 6.º ano de escolaridade
2014/2015 - 4.º, 9.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade

Para esclarecimento de dúvidas relativas à nova ortografia, deve ser consultado o Portal da Língua Portuguesa, www.portaldalinguaportuguesa.org , que disponibiliza o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) e o conversor Lince como ferramenta de conversão ortográfica de texto para a nova grafia.

terça-feira, outubro 11, 2011

Exercícios

Nesta mensagem serão colocadas hiperligações para páginas com exercícios sobre o novo acordo ortográfico.
Vá passando por aqui...

Revista Noesis

«Um cê a mais»

Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.
Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.
Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hífenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em “há dehá um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu.
E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um a atrapalhar.
Manuel Halpern, Jornal de Letras